domingo, 28 de março de 2010

Neblina

Existe uma solidão tranquila, que em plena quietude se satisfaz. É como se fosse o momento posterior a saciedade da fome, um momento de se encontrar, de permitir que o corpo se perceba, de divagar os pensamentos em uma neblina densa, que é leve e sutil, mas firme e presente.
...
Nesse momento deixa-se de enxergar o externo do ser para ir e devir dentro da consciência do inconsciente.

em: 27/03/2010

domingo, 21 de março de 2010

VELZ

Os incríveis interesses (comuns)
é comunal deslize
porque não somo inteirezas.
Horas, minutos, segundos
mas todo tempo é líquido
então desfaço o incrível
o invisível
para ser simplesmente comum.

em: 13/02/2004

quinta-feira, 18 de março de 2010

luz turva

nossos corpos de passagem
o devir constante de uma solidez flúida
o sem cessar de uma natureza impalpável
quase invisível
que tornaram mais sombra e luz todo caminho.

a luz é turva
mas o caminho é desejável
o ir além é inquestinável

então claramente as cegas
eu vou

em: 16/03/2010

terça-feira, 16 de março de 2010

Inaudível

Estou com as unhas cravadas tão fundas que as fendas parecem não poder mais se deslocar. O abismo está escuro, sólido e áspero de tanta amargura e a língua se cala na busca do inaudível. Mas definir não é necessário, sussurar sin(al), suspender a um estado de mémória.

entre: outubro de 2006 e março de 2010.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Calêndola

Já quase se fez revolução
nesse nó de células
uni-forma
sempre calêndola,
na mística pigmentação
de luz em sombra
é vontade de movimento
é perplexo o momento
é virtude de dentro,
então há gozo
no medo de vento de chuva
que grita o instrumento
em voz, na penumbra.

Em: 22/02/2005

Passagem

O estranhamento e a distância
em dois passeios
um na cabeça, um na certeza
e a chuva deixa mais alvo o caminho do passeio branco
a mesma chuva deixa mais turvo os vidros das minhas janelas

elas já querem alçar vôo

(os devaneios da dúvida)
por quantas horas a resposta não virá por que simplismente não foi feita e pergunta?

em: 12/07/2007

domingo, 14 de março de 2010

toda essa língua
caída nas cinzas
na derme final
todo o conjunto
contido no fundo
no ser natural
toda saliva
toda perdida
na veia carnal.

em: 16/02/2005
ondulante e cinza
feito de fogo e fumo
irradia um domo secreto
na busca da fuga ou do encontro

vive-se uma pequena e grande ansiedade por um velho reencontro, ou dois, ou três velhos reencontros que nunca de fato se encontraram. a espectativa se vive e logo se esvai com um maço curto de esperença. a ansiedade do entremeios [do fim e do (re)começo]. e toda lembrança sentinela aqui. apenas na certeza de não ser um encontro para essa encarnação.